Audiência Pública discute prejuízos de operações realizadas pelo Caboprev em 2017
A Câmara Municipal do Cabo de Santo Agostinho realizou, nesta quinta-feira (5), uma Audiência Pública para discutir os prejuízos do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais do Cabo (Caboprev). Além dos parlamentares, a reunião contou com a participação do presidente do Caboprev, Albérico Rodrigues, do representante do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), Francisco Barreto, além de dirigentes de sindicatos que representam servidores públicos municipais.
A audiência pública foi convocada para levar informações e tirar dúvidas dos vereadores, servidores e da sociedade sobre assunto de repercussão no município desde 2017, quando transações financeiras no Caboprev foram realizadas na gestão do ex-prefeito Lula Cabral e acabaram gerando um prejuízo de mais de R$ 92 milhões ao órgão de previdência municipal. O assunto gerou ainda mais repercussão após a apresentação do relatório complementar do TCE-PE que concluiu pela responsabilização do ex-prefeito Lula Cabral e da antiga gestora do Caboprev e determinou a devolução do valor desviado. O montante a ser devolvido passa de R$ 88 milhões.
De acordo com Albérico Rodrigues, atual presidente do Caboprev, o antigo modelo de gestão era voltado aos interesses políticos e não do público maior, o servidor aposentado. Ele lembra que o direito de aposentadoria de quem contribui é protegido pela Constituição Federal e fez um apelo: "Venho chamar à consciência os que detêm o poder e pedir solidariedade aos aposentados, aqueles que passaram a vida dedicados à atividade laboral cabense", disse Albérico.
Segundo levantamento feito pelo Caboprev, se tivesse sido investido em uma aplicação segura, os R$ 92 milhões em contribuições dos aposentados estariam valendo hoje mais de R$ 110 milhões. Os números da operação de risco realizada pelo Caboprev em 2017 foram detalhados pelo atual advogado do instituto, Jaligson Hirtácides.
O representante do TCE-PE, Francisco Barreto, lembrou que a questão não prejudica apenas os servidores do município. "O problema não é exclusivo dos servidores porque, no último caso, o recurso pode não ser recuperado e vai sair da saúde, da educação e assim por diante", disse Barreto.
Diversos representantes de sindicatos municipais participaram da Audiência Pública e falaram sobre a importância de se fazer justiça aos servidores. "Enquanto sociedade e servidores, não podemos aceitar esse tipo de crime e arbitrariedade. Se faz necessário que todos se empenhem na busca desse dinheiro", pontuou Sara Gouveia, representando os professores.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Cabo (Sintrac), Antonio Pedreiro, mostrou preocupação em relação ao futuro dos aposentados do município. "Se esse dinheiro não for recuperado, os servidores municipais vão ter dificuldade para receber seu salário quando se aposentarem", lembrou Antônio Pedreiro.
Para o presidente da Câmara do Cabo, Ricardo Carneiro (Ricardinho), o saldo da audiência foi positivo, com informações esclarecedoras e transparentes. "Tenho certeza de que, a partir de hoje, todos nós saímos daqui conscientes do nosso papel. Nos próximos dias, nós, vereadores, vamos ter uma responsabilidade muito grande, que é a de julgar as contas do ex-prefeito. Tenho a certeza de que vamos nos aprofundar, cada vez mais, no assunto para que façamos o julgamento de uma forma coerente, sensata e responsável com a nossa obrigação de fazer justiça", concluiu.